quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Beijo do Ladrão – Alan Parker

Título: O Beijo do Ladrão
Autor: Alan Parker
Tradução: Maria do Carmo Figueira
N.º de Páginas: 252
Colecção: Grandes Narrativas N.º 454
P.V.P: € 16
Disponível a partir de hoje

Sinopse
Thomas Moran descobre a sua vocação de uma forma, no mínimo, turbulenta. Quando em 1906 São Francisco é abalada por um violento terramoto, Thomas, então com sete anos, comete o seu primeiro acto de delinquência e a partir daí a sua vida toma um rumo que em muito reflectirá a própria história dos Estados Unidos. Gangsters de todas as nacionalidades, vigaristas, autoridades corruptas e as provações de viver à margem da sociedade constituirão o seu dia-a-dia, mas a força de um grande amor poderá estar prestes a mudar o seu destino. Quando Thomas conhece Effie, filha de um vinicultor de Napa Valley, conhece também talvez a única grande oportunidade de ir ao encontro de uma vida nova. Mas será ainda possível salvá-lo de si próprio?

A minha opinião:
“O Beijo do Ladrão” é o primeiro romance do realizador e produtor Alan Parker. Do seu vasto currículo cinematográfico fazem parte os filmes “O Expresso da Meia-Noite”, “Fame”, “Evita” e “As Cinzas de Ângela”.
Neste seu primeiro romance, Alan Parker dá-nos a conhecer um pouco da sociedade americana no início do século XX. A questão da Lei Seca e de como esta afectou a população (nomeadamente aquela que sobrevivia à custa da produção vinícola), as alterações sofridas e os esquemas mafiosos montados na altura são alguns dos assuntos abordados pelo autor.
Thomas Moran é a personagem principal da história. Proveniente de uma família humilde, vivia com a mãe e duas irmãs e com apenas 7 anos fez o seu primeiro roubo. Achou tão fácil que desde então passou a ser prática corrente e que foi aperfeiçoando de dia para dia. O assalto aos bolsos dos casacos de quem por ele passava foi aumentando e depressa se tornou conhecido, provocando na sua família uma grande vergonha e humilhação. Não querendo que tal sucedesse Thomas decidiu desaparecer sem avisar ninguém. Foi então que, ainda em tenra idade, começou a saltitar de cidade em cidade pilhando para sobreviver. Tommy considerava que ser “carteirista” era a sua profissão. Nunca enriqueceu, porque apenas roubava para assegurar a sua sobrevivência.
Um dia, numa barbearia, decidiu assaltar o homem que se encontrava sentado na cadeira ao lado. Azar dos azares foi apanhado, porque também ele era carteirista. Hoagie era o seu nome e, no pouco tempo em que conviveram, tentou transmitir alguns conselhos a Tommy e apelou a que este se instruísse. Infelizmente, e para salvar Tommy, Hoagie acabaria por morrer.
Thomas conviveu com muita gente, mas nunca se deixou afeiçoar por ninguém. Ele próprio se considerava uma pessoa solitária, embora, esta solidão nem sempre fosse o que ele desejava.
Passados vários anos, decidiu procurar a sua mãe e imãs para tentar um reatamento, mas já não chegou a tempo. A mãe tinha acabado de falecer e não teve tempo para dialogar com as irmãs porque, mais uma vez, teve que fugir à polícia. A sua vida sempre foi marcada por várias peripécias e encrencas. Os problemas pareciam persegui-lo. E, na maior parte das vezes, ele não era parte interveniente do sucedido, tinha ali passado apenas para “assaltar” mais uns bolsitos.
Numa das suas muitas viagens, conhece a única mulher que lhe iria “tocar” no seu coração. Effie acabaria por marcar a vida de Tommy. Estiveram afastados alguns anos, mas quando o reencontro se deu, a paixão ainda existia e Thomas Moran parecia disposto a mudar pelo grande amor da sua vida…
Mas, será que Tommy conseguiu? Será que ele se conseguiu libertar da vida de carteirista e assumiu uma vida diferente e estável? Será que ele estava mesmo disposto a mudar?
À medida que a história da vida de Thomas Moran vai avançando, por muitos delitos que este cometa, o leitor não consegue deixar de sentir alguma pena e afeição por ele… mesmo sabendo que a “profissão” que ele escolheu não é moral e legalmente correcta.
A leitura de “O Beijo do Ladrão” revelou-se bastante interessante e com um final inesperado, principalmente, no que diz respeito a Thomas Moran. Quanto às restantes personagens da narrativa, também a elas lhes foi atribuído um desfecho.

Excertos:
“Não te esqueças, nada pertence a ninguém, nem um livro, nem um relógio de ouro, nem uma plantação de amendoins. Durante a nossa breve passagem por este mundo, só pedimos coisas emprestadas por algum tempo.” [Hoagie]

“Não fazia mais nada… porque não sabia fazer mais nada, e todas as pessoas andavam a roubar as carteiras umas às outras das mais variadas maneiras… é uma maneira de olhar para o mundo de trás para a frente, eu sei… mas ajudou-me a sobreviver. Às vezes ficava deitado, acordado pela noite fora, em qualquer cidade manhosa, a pensar porque é que continuava com aquela vida. A solidão entorpece-nos, deixamos de olhar o mundo como uma pessoa normal… eu era um cego a espreitar por uma cerca.” [Tommy]

Classificação: 4/5

5 Comments:

Carla Martins said...

Nossa, fique com vontade de ler esse! Eu querooooo!!!

Tinkerbell said...

Tens um selo p/ ti no meu blog jinhos**

Chuva de livros said...

Bom dia

Passa no meu blog, para encontrares um desafio (selo).

Maria João Almeida said...

Olá Maria! :) Já há algum tempo que não espreitava o seu blog!
Agora é que está mesmo bom para ficar a ler um livrinho em casa, com o frio que já faz!

Era só para lhe dizer que fiz um novo blog, é:
www.quiosquedosgelados.blogspot.com
Espero que goste e me faça uma visitinha! :)

Um beijinho e feliz Natal!
Maria João

B. said...

Parece interessante :)

bjinhs